UE revisa expectativas econômicas sob impacto da guerra

A União Europeia (UE) reduziu sua previsão sobre o crescimento econômico para 2022 e 2023 e elevar a expectativa de inflação, em um cenário que deixa claro a magnitude do impacto da guerra na Ucrânia no bloco.

O anúncio foi lançado dia 11 de julho, segunda-feira, pelo vice-presidente-executivo da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis.

O Executivo europeu apresentou suas perspectivas econômicas do verão boreal (inverno no Brasil) para o bloco europeu, e Dombrovskis deixou pouco espaço para otimismo.

“O crescimento está se mostrando bastante resiliente este ano. Mas podemos esperar uma revisão para baixo (…) porque há muitas incertezas e riscos. E, infelizmente, a inflação continua surpreendendo com seu aumento. Então, mais uma vez, será revisada para cima”, afirmou.

Em maio, a Comissão havia reduzido, drasticamente, sua expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, para 2,7%, subtraindo 1,3 ponto percentual.

Ao mesmo tempo, elevou a expectativa de inflação em 3,5 pontos percentuais, até 6,1% neste ano.

Já a agência europeia de estatísticas Eurostat calculou que a inflação na zona do euro em junho pulverizou todos os recordes de sua série histórica e atingiu 8,6% em termos interanuais. Com isso, coroa uma tendência que disparou todos os alarmes desde o final do ano passado.

As primeiras advertências para o bloco europeu apareceram já no último trimestre do ano passado, em referência ao aumento dos preços da energia.

Esta situação se tornou prioritária com o início das ações militares da Rússia na Ucrânia. A ofensiva tem um impacto devastador sobre o acesso europeu ao petróleo e ao gás procedentes da Rússia – este último, abundante e a preços altamente competitivos.

A economia do bloco havia iniciado uma tímida recuperação no segundo semestre de 2021, depois da flexibilização das rígidas normas de saúde, como consequência da pandemia de coronavírus.

A forte alta nos preços de energia e a drástica redução no acesso ao gás russo expõem o bloco, no entanto, à mistura explosiva de crescimento econômico muito baixo e de inflação elevada.

Nesta segunda-feira, o comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, ressaltou que, “no momento, a situação é de crescimento muito lento, mas não estamos em território negativo.

” O que pode mudar as regras do jogo é a escassez real de fornecimento de gás”, completou.

A UE adotou duras sanções contra a Rússia por causa da guerra na Ucrânia. Inclui um embargo progressivo ao petróleo importado desse país, o qual deve ser concluído até o final deste ano.

Até agora, porém, a UE ainda não adotou uma medida similar contra o gás natural da Rússia, um combustível crucial para o funcionamento de uma parte significativa da indústria europeia.

Em resposta às sanções, a Rússia já começou a reduzir suas entregas de gás aos países da UE, em um cenário de grande tensão para a UE. Em uma corrida contra o tempo, o bloco tenta encontrar uma fonte alternativa desse combustível.

A redução nas entregas de gás russo já levantou temores de eventuais restrições no fornecimento para lares e empresas, com um impacto imprevisível na produção industrial.

Gentiloni destacou que “já tínhamos levado esse cenário adverso em consideração em nosso prognóstico de primavera [boreal, outono no Brasil] e estava nos conduzido para um crescimento negativo. Infelizmente, as coisas não mudaram”.

Fonte: https://www.opovo.com.br/noticias/mundo/2022/07/11/ue-revisa-expectativas-economicas-sob-impacto-da-guerra.html

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