Europa irá investir 41,4 milhões de dólares em estudos da vacina contra chikungunya, inclusive no Brasil
A União Europeia, por meio da Coalizão para Inovações de Preparação Epidêmica (CEPI, sigla em inglês), anunciou um investimento de US$ 41,3 milhões (aproximadamente R$ 233 milhões) para expandir o acesso à vacina contra a chikungunya em países de baixa e média renda. O financiamento será utilizado para apoiar o desenvolvimento de estudos de fase 4, que ocorrem após a aprovação do imunizante, em crianças, adolescentes e grávidas em regiões de alta circulação do vírus, como o Brasil. Esses estudos são cruciais para garantir a segurança e eficácia da vacina em diferentes grupos populacionais.
A chikungunya é uma arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, com sintomas que incluem febre alta, dores no corpo e nas articulações, podendo ser incapacitantes. Em 2024, o Brasil registrou mais de 356 mil casos até 20 de julho, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A vacina representa uma esperança para reduzir a incidência da doença e aliviar a carga sobre os sistemas de saúde em áreas afetadas.
O repasse será destinado à farmacêutica francesa Valneva, produtora do primeiro imunizante aprovado contra chikungunya no mundo. A vacina, conhecida como Ixchiq, foi aprovada pela FDA (Food and Drug Administration) dos Estados Unidos para pessoas maiores de 18 anos em novembro de 2023 e está em processo de análise pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil.
Ressalta-se que a Valneva, em parceria com o Instituto Butantan, realizou estudos de eficácia em adolescentes no Brasil em 2021, demonstrando que a vacina induziu anticorpos contra o vírus em 98,9% dos participantes. Isso demonstra que o Brasil é prioridade na cooperação científica no que se refere ao combate à arbovirose em questão. Para Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, as arboviroses constituem uma preocupação crescente em todo o mundo, devido às mudanças climáticas – as quais favorecem a adaptação dos mosquitos em outros ambientes: “Isso é altamente relevante, e o esforço do Butantan para codesenvolver a vacina contra chikungunya está alinhado à nossa missão de resolver problemas de saúde pública não apenas no Brasil, mas no mundo todo”.
Ainda, o Dr. Richard Hatchett, CEO da CEPI, afirmou que “o Instituto Butantan está comprometido em fornecer a vacina contra chikungunya que desenvolverá e produzirá no Brasil a um preço acessível para distribuição na América Latina”.
Não é a primeira vez que a CEPI (apoiada financeiramente pela União Europeia a partir de Programas-Quadro de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico) colabora no combate às epidemias no Sul Global. Em fevereiro de 2024, esta assinou, junto à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), um Memorando de Entendimento – a fim de fortalecer os esforços para melhorar a preparação regional em relação às epidemias e pandemias, apoiar a prevenção e a resposta a doenças infecciosas e maior equidade no acesso a vacinas e outras tecnologias de saúde nas Américas. As organizações buscam fortalecer ainda mais a vigilância de doenças, o desenvolvimento de vacinas, a pesquisa e a capacidade de ensaios clínicos na América Latina e no Caribe. Na ocasião, Jarbas Barbosa (diretor da OPAS), afirmou: “Uma lição importante da pandemia da COVID-19 é a necessidade de garantir um acesso mais equitativo às vacinas e às tecnologias de saúde para os países da América Latina e do Caribe” […] “Esta colaboração visa apoiar os esforços para aumentar o desenvolvimento regional de vacinas e a capacidade de produção na Região e garantir que os países estejam melhor preparados para lidar com emergências de saúde presentes e futuras”.
UE vai investir US$ 41,3 mi em vacina contra chikungunya – 29/07/2024 – Equilíbrio e Saúde – Folha |
CEPI e OPAS colaboram para aumentar a preparação regional para doenças com potencial epidêmico ou pandêmico |